Mercedes S 63 AMG Coupé é lobo em pele de cordeiro

Cupê esportivo de luxo guarda um monstro de 585 cv sob o capô


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Karina Simões
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Ele é um lobo em pele de cordeiro. Estou me referindo a um lobo feroz na pele de um cordeiro com muito garbo, elegância e pedigree - se é que isso existe. Passamos alguns dias a bordo do maior cupê da Mercedes-Benz, o S 63 AMG. E ficamos muito, muito mal acostumados.

Teto rebaixado, ausência de portas traseiras e uma carroceria de 5,04 metros de comprimento. Imaginou? É bem difícil mesmo passar batido por este Classe S ardido cheio de personalidade. Nas laterais, os vincos crescem ao passo que abraçam as rodas traseiras AMG de liga superleve forjada aro 20, calçadas com pneus largos 295/30  - na frente, os pneus são 255/40. Na dianteira imponente um defletor otimiza o fluxo para refrigeração enquanto na traseira um difusor contribui para manter o carro no chão em altas velocidades. Sim, ele vai rápido: são 300 km/h com limitador de velocidade habilitado segundo a montadora.

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Ao olhar de perto os faróis LED ILS, contamos nada menos que 47 cristais Swarovski em cada um deles. Um atrevimento da Mercedes para criar um efeito exclusivo das luzes diurnas e setas, além de começar a revelar que este cupê ostenta o que há de melhor em luxo e também tecnologias.

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A cabine por si só é uma experiência, antes mesmo de ligar o carro. Muito couro branco reveste o painel, as portas e os bancos volumosos, que contam com funções de memória, ventilação, aquecimento e ainda massageiam quem anda na frente. O tapete fofo, também branco, as telas enormes em TFT de altíssima resolução, as saídas de áudio Burmester ultra potentes e cuidadosamente desenhadas, madeira para reforçara ideia de luxo e um touchpad que comanda as funções da central multimídia compôe o cenário. Imagine tudo isso embalado em um pacote de luzes indiretas coloridas e customizáveis, estratégicamente posicionadas para criar uma atmosfera de sofisticação inigualável.

Trouxe convidados? Para acomodá-los na parte de trás, basta puxar a alça de alumínio no banco dianteiro que automaticamente o conjunto todo é movido para frente. Assim que o motorista se acomoda e enfim aciona o botão de partida, o cinto de segurança é entregue a ele como um mordomo. (assista no nosso vídeo e babe).

Hora de acordar o lobo

O motor AMG 5,5 litros V8 biturbo é um monstro. Como todos os motores AMG, ele é montado à mão na oficina de motores da AMG em Affalterbach, na Alemanha. A placa de identificação do motor traz a assinatura do técnico responsável pela montagem, seguindo a cartilha que reza a Mercedes: “um homem, um motor”. Os números impressionam: 585 cv de potência e 91,8 kgf.m de torque. A transmissão é esportiva AMG de sete velocidades.

A rodagem pode começar silenciosa e confortável se você optar pelo modo de condução comfort. Mas já que estamos em um AMG top de linha, queremos é barulho e esportividade. O sistema de escapamento esportivo tem defletores controlados por computador nos dois silenciadores traseiros. No modo manso eles ficam fechados, fazendo deste AMG uma fera bem discreta, não se ouve praticamente nada dentro da cabine. No modo esportivo e manual os defletores se abrem mais cedo e o ronco aumenta, mas mesmo assim ele não invade o habitáculo. Uma dica: abra as janelas e delicie-se.

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Segundo a Mercedes, o S 63 AMG cumpre o 0 a 100 km/h em 3,9 segundos. Um temporal para um carro de 2.070 kg! Vale comentar que ele está 65 kg mais leve graças ao pacote AMG Lightweight que “emagreceu” o carro graças às rodas forjadas, a bateria leve de íons de lítio, freios compostos AMG de alta performance e boa parte da carroceria em alumínio. Com isso, a relação peso-potência é de apenas 3,54 kg/cv, que resulta em um desempenho de tirar o fôlego.

A altura da suspensão pneumática pode ser facilmente regulada por um botão no console. Por ser um carro pesado, seu comportamento equilibrado surpreendeu nas curvas e, além disso, o apoio lateral dos bancos dianteiros inflam automaticamente do lado que nosso corpo pende a cada curva, dando maior sustentação ao corpo e, claro, uma graça a mais ao passeio.

Ele freia muito bem e, mais que isso, traz um sistema no qual o freio é acionado automaticamente caso o carro identifique uma colisão iminente. O S 63 AMG tem muita tecnologia embarcada visando a segurança: tração integral, piloto automático adaptativo, câmera de visão noturna, câmera de visão 360 graus, head-up display – que projeta as principais informações no campo de visão do motorista -, alerta de mudança de faixa e airbags frontais, laterais e de cortina.

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Fera disfarçada

O S 63 AMG Coupé é um esportivo disfarçado de carro de magnata conservador. Ele veste bem à quem valoriza muito o luxo, mas não abre mão de uma resposta brutal quando pisa no pedal da direita e também da discrição. Quem o vê estacionado, não faz ideia que ele é tudo isso.

Por um carro desses a Mercedes-Benz cobra R$ 849.900. Achou caro? Saiba que ele era vendido em dólar, o que o fez chegar na casa dos R$ 1.400.000 quando o câbio estava nas alturas. E digo mais, se você achou o S 63 AMG Coupé um exagero em todos os aspectos, a Marcedes não. Por isso, a marca vende na europa o S 65 AMG, equipado com um motor V12 de 630 cv e 102 kgf.m. 

Enfim chegou a hora de devolvê-lo e voltar à minha realidade. Confesso que a tristeza momentânea foi rapidamente superada pela alegria de saber que o S 63 AMG não é meu quando chegar a conta do IPVA. Como diz o ditado, melhor tentarmos sempre ver o copo meio cheio do que meio vazio. 

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